SÃO MARTINHO DE LIMA, 3 DE NOVEMBRO PADROEIRO DOS BARBEIROS E DOS CONFLITOS RACIAIS

domingo, 4 de novembro de 2012

A propósito deste Santo, muito bem se aplica a oração de Jesus que lemos no Evangelho: "Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos".

São Martinho de Lima (ou de Porres),irmão dominicano, no cumprimento de sua função de enfermeiro deu provas de intensa abnegação. Grande taumaturgo, direcionava seus dons em favor dos sofredores. 

O Papa João XXIII quando o canonizou em maio de 1962 descreveu assim a sua ação apostólica: "Desculpava os defeitos dos outros e perdoava as mais graves ofensas, por estar persuadido de que era muito mais o que merecia pelos seus pecados. Procurava com todo o empenho trazer os pecadores ao bom caminho. Assistia carinhosamente os enfermos. Fornecia comida, roupas e medicamentos aos necessitados. Na medida das suas possibilidades, protegia, com todo o gênero de solicitude e ajuda, os camponeses, os negros e os mestiços, que nesse tempo exerciam os ofícios mais desprezíveis, de tal modo que mereceu ser apelidado 'Martinho da caridade' ".

Martinho de Porres, conviveu com a injustiça social desde que nasceu a 09 de dezembro de 1579 em Lima, no Peru. Filho de Juan de Porres, um cavaleiro espanhol da Ordem de Calatrava e Ana Velásquez, uma ex-escrava negra do Panamá, muito provavelmente filho ilegítimo, foi rejeitado pelo pai e parentes por ser mulato, o mesmo acontecendo com sua irmã dois anos mais nova.

 Foi batizado na igreja de San Sebastián, onde anos mais tarde também Santa Rosa de Lima o foi.São misteriosos os caminhos do Senhor: quem o confirmou na fé foi um santo, Santo Turíbio de Mongrovejo, primeiro arcebispo de Lima. 

Aos oito anos de idade, Martinho se tornou aprendiz de barbeiro-cirurgião, duas profissões de respeito na época, aprendendo numa farmácia algumas noções de medicina. Assim estava garantido o seu futuro e dando a volta
 por cima na vida. 

Mas, não demorou muito e a vocação religiosa falou mais alto. Porém, devido a sua cor e origem, só a muito custo Martinho conseguiu ser aceito como oblato (doado) num convento dos dominicanos. Sua vida espiritual era profunda; mais tarde, em atenção às suas virtudes, lhe foi concedido professar como irmão leigo e finalmente vestir o hábito dominicano. Encarregava-se dos mais humildes trabalhos do convento e era barbeiro e enfermeiro dos seus irmãos de hábito. Conhecedor profundo de ervas e remédios, devido à aprendizagem que tivera, socorria todos os doentes pobres da região, principalmente os negros como ele. 
Dedicava sua vida literalmente aos pobres: mendigo por amor aos mendigos.Com as esmolas recebidas fundou em Lima, um colégio só para o ensino das crianças pobres, o primeiro do Novo Mundo. 
Humildade, piedade e espírito de caridade foram suas características.

A santidade estava impregnada nele, que além do talento especial para a medicina, foi agraciado com dons místicos possuindo muitos dons como, da profecia, inteligência infusa, cura, poder sobre os animais e de estar em vários lugares ao mesmo tempo. Segundo a tradição, embora nunca tenha saído de Lima, há relatos de ter sido visto aconselhando e ajudando missionários na África, no Japão e até na China. Como São Francisco de Assis, dominava, influenciava e comandava os animais de todas as espécies, que o seguiam a um simples chamado.

Sua oração abundava em êxtases e de suas mãos brotavam milagres, hoje rigorosamente comprovados. Assim, sem fazer coisas extraordinárias, além da prática da caridade, Martinho de Porres chegou a um alto grau de santidade.

A fama de sua santidade ganhou tanta força, que as pessoas passaram a interferir na calma do convento, por isso o superior teve de proibi-lo de realizar os prodígios. Mas logo voltou atrás, pois uma peste epidêmica atingiu a comunidade e muitos padres caíram doentes. Então, Martinho associou às ervas a fé e com o toque das mãos, curou cada um deles. 

Morreu santamente em Lima, aos sessenta anos, no dia 03 de novembro de 1639, após contrair uma grave febre, sendo de imediato honrado e venerado como santo. O padre negro dos milagres, como era chamado pelo povo pobre, deixou sua marca e semente, além da vida inteira 
dedicada aos desamparados. 

Foi beatificado por Gregório XVI, em 1837 e, canonizado em 1962, por João XXIII, confirmando sua festa no dia 03 de novembro. Em 1966, Paulo VI proclamou São Martinho de Porres, padroeiro dos barbeiros. Mas, os devotos também invocam sua intercessão nas causas que envolvem justiça social.
(Publicado em 03.11.10, atualizado em 03.11.2012)

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