SÃO MARTINHO DE TOURS, BISPO, FUNDADOR, 11 DE NOVEMBRO

domingo, 11 de novembro de 2012

SÃO MARTINHO, BISPO
 Memória, 11 de novembro
"Farei surgir um sacerdote fiel, que agirá segundo o meu coração e a minha vontade, diz o Senhor". (I Sm 2, 35)

Nasceu na Panônia (Hungria) cerca do ano 316, de pais pagãos - seu pai era um tribuno romano. Com 15 anos foi associado pelo pai à cavalaria do exército imperial e designado para a Gália (hoje França).

 Tendo despertado ainda em sua terra o amor ao culto religioso, continuou a receber instruções no catecumenato e exercitar-se com muito zelo na prática das virtudes cristãs, sobretudo na caridade. Conta-se deste período um fato histórico acontecido com Martinho, que o teria impressionado e despertado na sua alma o desejo de dedicar-se unicamente ao serviço de Deus: Certa vez, em plena estação invernal, encontrou-se com um mendigo quase desnudo que pedia esmola por amor de Deus. Não tendo dinheiro e não querendo despedir o pobre sem auxílio, partiu o seu manto com a espada , dando uma das partes ao homem. Na noite seguinte apareceu-lhe Jesus Cristo revestido do mesmo manto, que lhe disse: "Martinho, principiante na fé, cobriu-me com este manto". 

 Passados dois anos, só depois de receber o batismo e de renunciar à carreira militar, aos 22 anos, iniciou sua experiência de vida religiosa, tornando-se discípulo de Santo Hilário. Levou vida eremítica e depois, a conselho do mesmo Santo Hilário, fundou em Ligugé o primeiro mosteiro de todo o ocidente, com características diversas dos do oriente, seus monges eram admitidos ao sacerdócio e enviados à obra missionária.

 Foi  ordenado sacerdote e, mais tarde, em 371, eleito bispo de Tours. Contemporâneo de Santo Ambrósio, a quem imitou no zelo, mostrando-se modelo insigne de bom pastor, manso e humilde, tornou-se um dos fundadores da Igreja da Gália. Fundou o mosteiro de Marmoutier, e outros, dedicado à formação de jovens para o sacerdócio e, deu muitos  bispos à nação. Dedicou-se à evangelização dos pobres e, peregrinando entre as aldeias, exerceu excelente apostolado entre pastores e camponeses, criando paróquias rurais. 

Morreu no dia 8 de novembro de 397, com 81 anos, dos quais 25 como bispo de Tours. Seu enterro foi acompanhado em triunfo por mais de dois mil monges e uma  multidão do povo, no dia 11, dia que ficou sendo dedicado pela Igreja à sua memória. Depois de Santo Antão é o primeiro santo não mártir a ser honrado na liturgia. Dele o grande escritor Sulpício Severo, seu contemporâneo, escreveu logo a biografia (poderá ler mais adiante um dos trechos extraído do Ofício das Leituras), que o popularizou na Europa Medieval.

"Servo bom e fiel, vem entrar na alegria de Jesus, teu Senhor".

 Do Ofício das Leituras, para ler e meditar, abaixo, a Carta de São Paulo a Tito e a comovente narrativa da morte de São Martinho, feita por Sulpício Severo.

Da Carta de São Paulo a Tito 1,7-11; 2,1-8

Doutrina do apóstolo sobre as qualidades
e deveres dos bispos
Caríssimo: 1,7 É preciso que o bispo seja irrepreensível, como administrador posto por
Deus. Não seja arrogante nem irascível nem dado ao vinho nem turbulento nem
cobiçoso de lucros desonestos, 8mas hospitaleiro, amigo do bem, ponderado, justo,
piedoso, continente, 9firmemente empenhado no ensino fiel da doutrina, de sorte que
seja capaz de exortar com sã doutrina e refutar os contraditores.

10Há ainda muitos insubordinados, faladores e enganadores, principalmente entre os
circuncidados. 11É preciso calar-lhes a boca, porque transtornam famílias inteiras,
ensinando o que não convém, movidos por ganância vergonhosa.

2,1 O teu ensino, porém, seja conforme à sã doutrina.
2Os mais velhos sejam sóbrios, ponderados, prudentes, fortes na fé, na caridade, na
paciência.
 3Assim também as mulheres idosas observem uma conduta santa, não sejam
caluniadoras nem escravas do vinho, mas mestras do bem. 4Saibam ensinar as jovens a
amarem seus maridos, a cuidarem dos filhos, 5a serem prudentes, castas, boas donas-de-
casa, dóceis para os maridos, bondosas, para que a palavra de Deus não seja difamada.

6Exorta igualmente os jovens a serem moderados 7e mostra-te em tudo exemplo de boas
obras, de integridade na doutrina, de ponderação, 8de palavra sã e irrepreensível, para
que os adversários se confundam, não tendo nada de mal para dizer de nós.

Responsório At 20,28; 1Cor 4,2
 R. Vigiai todo o rebanho,
que o Espírito Divino confiou-vos como bispos
* Para cuidar, como pastores, da Igreja do Senhor,
que ele adquiriu pelo sangue de seu Filho.
V. Aquilo que se espera de um administrador,
é que seja ele fiel. * Para cuidar.

Segunda leitura
Das Cartas de Sulpício Severo
(Epist.3,6.9-10.11.14-17.21: SCh 133,336-344)
(Séc.V)

Martinho, pobre e humilde
Martinho soube com muita antecedência o dia da sua morte e comunicou aos irmãos estar
iminente a dissolução de seu corpo. Entretanto, surgiu a necessidade de ir à diocese de Candax, pois os eclesiásticos desta Igreja estavam em discórdia. Desejando restabelecer a paz, embora não ignorasse o fim de seus dias, não recusou partir, julgando que seria um excelente fecho de suas obras deixar a Igreja em paz.

Demorou-se por algum tempo na aldeia e na Igreja aonde fora, e a paz voltou para os clérigos. Quando já pensava em regressar ao mosteiro, começaram de repente a faltar-lhe as forças e, chamando os irmãos, disse-lhes que ia morrer. Diante disto todos se entristeceram grandemente, chorando e dizendo, a uma só voz: “Por que, pai, nos abandonas? A quem nos entregas, desolados? Lobos vorazes invadem teu rebanho; quem, ferido o pastor, nos livrará de seus dentes? Sabemos que desejas a Cristo, mas teus prêmios já estão seguros e não diminuirão com o adiamento! Tem compaixão de nós, a quem desamparas!”

Comovido com estas lágrimas, ele que sempre possuíra entranhas de misericórdia, também
chorou, segundo contam. Voltando-se então para o Senhor, respondeu aos queixosos somente
com estas palavras: “Senhor, se ainda sou necessário a teu povo, não recuso o trabalho. Que se faça tua vontade”.

Que homem incomparável! O trabalho não o vence, a morte não o vencerá! Ele, que não se
inclinava para nenhum dos lados, não temeria morrer e nem recusaria viver! No entanto, olhos e mãos sempre erguidos para o céu, não abandonava a oração o espírito invicto; e quando os presbíteros, que se haviam reunido junto dele, lhe pediram aliviar o frágil corpo, virando-o para o lado, disse: “Deixai-me, deixai-me, irmãos, olhar para o céu de preferência à terra, para que o espírito já se dirija ao caminho que o levará ao Senhor”. Dito isto, viu o demônio ali perto. “Por que estás aqui, fera nefasta? Nada em mim, ó cruel, encontrarás! O seio de Abraão me acolhe”.

Com estas palavras entregou o espírito ao céu. Martinho, feliz, é recebido
 no seio de Abraão;
Martinho, pobre e humilde, entra rico no céu.

Responsório
 R. Ó bispo São Martinho, realmente homem feliz!
Jamais foi encontrada, em seus lábios, a mentira;
a ninguém ele julgava e nunca condenava.
* Não havia em sua boca outra coisa a não ser
Jesus Cristo, a paz, o amor.
V. Homem digno de louvor!
Nem trabalho o derrotou, nem a morte o venceria,
nem morrer o apavorou e a viver não recusou.
* Não havia.

Oração
 Ó Deus, que fostes glorificado pela vida e a morte do bispo São Martinho, renovai em nossos corações as maravilhas da vossa graça, de modo que nem a morte nem a vida nos possam separar do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

São Martinho de Tours, rogai por nós.
(Publicado em 11.11.10, atualizado em 11.11.2012)

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